terça-feira, 19 de maio de 2009

JOAQUIM DURÃO


Com uma mente aberta à realidade que o rodeia, a pintura de Joaquim Durão tem uma característica que logo salta à vista. As pontes geometricamente construídas, as sombras retratadas no local exacto e o casario minucioso são elucidativas que o factor pormenor tem lugar cativo na obra do pintor. "Quando queremos fazer um quadro temos de o retratar convenientemente. Fascina-me criar beleza através da Natureza, onde todos os elementos fazem falta. Todos mesmo!" Na pintura, todavia, nem todos os rabiscos devem ser considerados arte. Ou deveriam, conforme também testemunhou Joaquim Durão, dando conta do facilitismo que muitas vezes verificamos naquilo que supostamente é classificado como arte. "A pintura abstracta é muitas vezes a forma que os artistas utilizam para fugirem às dificuldades, aos pormenores. A maior parte dos novos artistas não tem formação em desenho", frisa Joaquim Durão, homem que sempre nutriu paixão pela pintura desde "a infância. Lembro-me que o meu primeiro desenho foi uma cara numa caixa de sapatos."

De uma caixa de sapatos, veio o mundo, um novo universo pintado a todas as cores, muito por boa culpa de um amigo. "Alfredo Martins foi a pessoa que mais me influenciou para eu ser pintor" Agora a tempo inteiro, a vida de Joaquim Durão foi também dedicada às artes gráficas, nomeadamente na reprodução de obras de arte e tratamento de fotolitos. Hoje, a casa de Joaquim é um verdadeiro museu, com todas as salas a possuírem obras sem fim. "São cerca de 3 mil", testemunha ressalvando que em todos eles descobriu algo de especial. "Sou versátil pois trabalho com vários tipos de materiais. Contudo, costumam dizer que o meu trabalho de maior qualidade está nos trabalhos de pequeno formato". Aí, dizem os especialistas, é que o talento de Joaquim Durão vem à superfície, ele que produz desenhos com uma facilidade incrível. "Por vezes aproveito os meus trabalhos de pequeno formato para depois fazer quadros de grande envergadura."

E por falar em talento...sabemos que a questão é repetida vezes sem conta mas o que é facto é que a sua pertinência se mantém. Arte, talento, consequência de muito trabalho ou mesmo uma mescla das duas características? "Podemos cultivar os nossos conhecimentos sobre pintura e julgo que qualquer pessoa tem a capacidade de pintar. É claro que há aqueles que são mais capazes e há mesmo pintores especialmente dotados, como Picasso que foi um génio." No leque de referências há lugar também para outros artistas. Durão falou de António Macedo, Marques de Oliveira, Henrique Pousão, António Ramalho e, a nível internacional, um louvor especial para o trabalho de Sir John William Waterhouse. Apreciador de música clássica, que ouve muitas vezes enquanto pinta, Joaquim lembra toda a pintura de final do século XIX, em especial o impressionismo, período no qual se "fazia um disfarce de um retratamento muito real das coisas, subtraindo ou acrescentando detalhes por forma a construir, muitas vezes, um novo significado. É preciso ver que a invenção da fotografia revolucionou o mundo da pintura."

Novas visões surgiram mas o que é certo é que a palavra qualidade mantém o seu significado. E para Joaquim Durão é sinónimo de trabalho, devoção, atenção ao ínfimo numa tranquilidade vista em cada pincelada. "Como diria Van Gogh uma boa pintura deve ser vista ao perto e ao longe. Procuro mostrar o belo da Natureza", conclui.

Gil Nunes

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